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Um estudo recente publicado na Science Translational Medicine, descreve um novo papel para a proteína plasmática A associada à gravidez, conhecida como PAPPA, no diabetes gestacional, com potencial translacional como ferramenta diagnóstica e alvo terapêutico.
Pesquisa laboratorial e análise de dados epidemiológicos pela Dra. Silvia Corvera, Dra. Tiffany Moore Simas, e colegas, mostram que baixos níveis da proteína comumente vistos em testes de triagem para distúrbios cromossômicos durante o primeiro trimestre de gravidez estão associados com remodelação do tecido adiposo, resistência à glicose e gestacional diabetes mellitus em gestantes.
“Atualmente avaliamos as mulheres para diabetes gestacional na 24ª a 28ª semanas de gravidez, então há apenas uma pequena janela de tempo em que podemos intervir clinicamente”, disse Dra. Tiffany, presidente e professora de obstetrícia e ginecologia. “Se houver uma oportunidade de intervir mais cedo durante a gravidez, teremos uma oportunidade maior de melhorar os resultados”.
Mas o que esperar desse estudo?
Dra. Silvia, professora de medicina molecular, acrescentou: “A diabetes gestacional é um grande problema de saúde não apenas para as mães, mas também para as crianças, porque sabemos que essas alterações metabólicas podem ser transmitidas para a próxima geração. Crianças nascidos de mães com diabetes gestacional correm maior risco de doenças metabólicas e diabetes tipo 2 à medida que envelhecem”.
O diabetes mellitus gestacional é uma das complicações mais comuns da gravidez.
Mulheres com diabetes gestacional não conseguem usar a insulina de maneira eficaz.
A glicose se acumula no sangue em vez de ser absorvida pelas células, causando hiperglicemia.
Ao contrário do diabetes tipo 1, que é causado quando o corpo não produz insulina suficiente, o diabetes gestacional faz com que a insulina seja menos eficaz na remoção da glicose do sangue, uma condição conhecida como resistência à insulina.
As causas precisas do diabetes gestacional não são claras.
No entanto, cerca de metade das mulheres com diabetes gestacional desenvolve diabetes tipo 2 dentro de três a cinco anos, sugerindo uma suscetibilidade subjacente ou aumentada.
Além disso, a exposição à hiperglicemia se correlaciona com outros distúrbios metabólicos, obesidade e distúrbios cardiometabólicos no filho.
Durante a gravidez, a fisiologia da mulher muda para se adaptar às necessidades nutricionais maternas e fetais, incluindo uma redução na sensibilidade à insulina que permite o aumento da disponibilidade de glicose para o filho.
Da mesma forma, a expansão saudável e o acúmulo de tecido adiposo é uma mudança fisiológica normal necessária para manter os níveis adequados de nutrientes para a mãe e o filho.
O tecido adiposo saudável também é importante para o metabolismo e a homeostase da glicose. Ele mantém a gordura longe de outros órgãos, como o coração e o fígado, onde pode se acumular e causar doenças.
Para identificar o fator que contribui para as diferenças entre o tecido adiposo saudável e o não saudável em mulheres grávidas, Corvera fez uma série de triagens de RNA em tecido adiposo de mulheres grávidas após o parto cesáreo, para que pudessem identificar possíveis diferenças na expressão gênica.
Ela também fez exames de RNA em tecido adiposo de mulheres não grávidas submetidas a cirurgia bariátrica.
Essas amostras foram comparadas para elucidar as diferenças entre o crescimento do tecido adiposo em resposta à gravidez ou à supernutrição.
As descobertas do estudo
Entre as descobertas estava a presença de IGFBP5 na gordura de mulheres grávidas.
O IGFBP5 captura outra proteína, IGF-1, que é necessária para a proliferação celular e o crescimento do tecido.
Corvera e Moore Simas consideram que os altos níveis de IGFBP5 no tecido adiposo podem estar ligados a uma proteína bem conhecida, PAPPA.
Há anos se sabe que mulheres grávidas produzem PAPPA, que normalmente não é encontrado circulando no sangue.
Esta proteína, produzida pela placenta, continua a aumentar até o final da gravidez e desaparece assim que a placenta foi liberada.
Embora baixos níveis de PAPPA tenham sido usados para rastrear a síndrome de Down e outros distúrbios cromossômicos, sua função biológica precisa não é bem compreendida.
Trabalhando em células humanas, a Dra. Corvera descobriu que a proteína PAPPA estava clivando IGFBP5.
Essa clivagem permitiu que o IGF-1 ficasse livre para agir nas células do tecido adiposo e formar o tecido adiposo saudável durante a gravidez.
Ativo ao longo da vida, mas mais ativo durante a puberdade, o IGF-1 é normalmente sequestrado, a menos que se ligue a uma proteína de ligação ao fator de crescimento da insulina.
Uma vez ligado, ele atua em conjunto com os hormônios do crescimento no desenvolvimento de novos tecidos.
Esta é uma das razões pelas quais seu nível aumenta durante os surtos de crescimento associados à puberdade.
FONTE:
[1] – https://medicaldialogues.in/obstetrics-gynaecology/news/pregnancy-associated-protein-linked-to-gestational-diabetes-77915