O que a ciência já sabe
O diabetes tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune em que o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Embora fatores genéticos desempenhem papel central, estudos indicam que fatores ambientais também influenciam — e os vírus surgem como potenciais desencadeadores.
Neste artigo, você vai entender:
Quais vírus estão mais associados ao diabetes tipo 1
O que dizem os estudos científicos mais recentes
Por que nem toda criança que tem uma infecção viral desenvolve diabetes
O que a ciência investiga como prevenção
Vírus relacionados ao risco de diabetes tipo 1
Enterovírus (como o Coxsackie B)
Esses vírus são muito comuns na infância, causando infecções intestinais e respiratórias.
Evidência científica: O estudo TEDDY, que acompanha crianças com risco genético para diabetes tipo 1, mostrou que infecções prolongadas por enterovírus aumentam a probabilidade de desenvolver a doença.
Achados laboratoriais: traços de enterovírus já foram encontrados em amostras de pâncreas de pessoas antes mesmo do início dos sintomas de diabetes.
Rotavírus
Conhecido por causar diarreia infantil.
Um estudo nos EUA, com 1,4 milhão de crianças, revelou que a vacinação contra o rotavírus reduziu em 33% o risco de diabetes tipo 1.
Porém, em outros países, os mesmos resultados não foram confirmados, mostrando que a relação ainda precisa ser melhor compreendida.
Covid-19 (SARS-CoV-2)
Durante a pandemia, houve aumento nos diagnósticos de diabetes tipo 1 em crianças.
Estudos iniciais sugeriram que o coronavírus poderia danificar diretamente as células do pâncreas.
Entretanto, pesquisas mais recentes, como um estudo australiano com 1.300 crianças, não encontraram ligação direta entre infecção por Covid-19 e início do diabetes tipo 1.
Epstein-Barr Virus (EBV) – o “vírus da mononucleose”
Muito comum e transmitido pela saliva, também chamado de “doença do beijo”.
Pesquisas indicam que o EBV pode ativar excessivamente o sistema imunológico, aumentando o risco de ataque às células beta.
Apesar disso, não há evidência definitiva de que seja uma causa direta do diabetes tipo 1.
Por que os vírus podem influenciar o diabetes tipo 1?
Os cientistas levantam algumas teorias para explicar a possível ligação:
Reação exagerada do sistema imune: ao combater o vírus, o organismo pode atacar também as células beta.
Imitação molecular: algumas partes do vírus se parecem com partes das células beta, confundindo o sistema imunológico.
Dano direto: certos vírus podem infectar e destruir células beta.
Genética + vírus: pessoas com predisposição genética teriam mais chance de sofrer esse “gatilho” após infecção viral.
Perspectivas para prevenção
Se a ligação entre vírus e diabetes tipo 1 for confirmada, novas formas de prevenção podem surgir:
Vacinas: já existem estudos investigando se a vacina contra Covid-19 aplicada no primeiro ano de vida pode reduzir o risco de diabetes tipo 1 em crianças geneticamente predispostas.
Antivirais: ensaios clínicos iniciais mostraram que medicamentos antivirais podem ajudar crianças recém-diagnosticadas a preservar a produção de insulina por até 1 ano.
Mapeamento imunológico: pesquisas como a da Universidade de Cambridge estão criando mapas detalhados da resposta imune, para identificar crianças mais vulneráveis.
Conclusão
➡️ Ainda não há evidência de que um vírus cause sozinho o diabetes tipo 1.
➡️ A maioria das crianças que contrai esses vírus não desenvolve a doença.
➡️ Contudo, em quem já tem predisposição genética, infecções virais podem ser o gatilho que inicia o processo autoimune.
A ciência segue avançando — e entender melhor essa relação pode abrir caminhos para novas estratégias de prevenção do diabetes tipo 1.